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Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ladainha

Por que  a filosofia
se temos a publicidade.

Porque a metafísica
se nos atrai a metempsicose.

Por que o horizonte
se nos diverte a política.

Por que a lógica
se nos basta a bruxaria.

Por que a moral.
Por falar nisso. Por que a moral.

Por que o compromisso. A palavra. O fio de prumo.  A hesitação do gesto
se nos completa o esgar inclemente:
o embriagado rumo: o olho funesto.

Por que a literatura.
Basta a alta - costura. Ficção
com nua a armadura do cio.

Por que a música.
Melhor nos serve o grito
(jamais lírico ou com brio).
Um estertor. Uma agonia.

Exame de consciência. Ou tour.
Por que ir ao Louvre
se já fomos ao Carrefour.

Por que a esperança.
A esperança putrefata e santa.
Dançaremos rock na sua campa.
Por que o epitáfio
se nada merecemos além da errata.

Trecho do livro
A Lira de Malavolta Casadei,
Prêmio Paulo Mendes Campos para poesia
inédita, UBE - Rio, 2005

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